Toda a manhã procurei uma sílaba.
É pouca coisa, é certo :uma vogal,
Uma consoante, quase nada.
Mas faz me falta. Só eu sei
A falta que me faz.
Por isso a procurava com obstinação.
Só ela me podia defender
Do frio de Janeiro, da estiagem
Do verão. Uma sílaba.
Uma única sílaba.
A salvação.
Poema de Eugénio De Andrade